08/05/2011
Em quechua, idioma falado em muitas regiões andinas mesmo antes do advento do Império Inca, Qosco quer dizer "umbigo do mundo". Há várias versões sobre o fato daquela cidade ter recebido esse nome. O que passa é que Cusco foi a capital político-administrativa do Império e por isso era considerada o centro do mundo inca. Foi planejada no formato de um grande puma.
Trilogia Inca: para explicar e entender o mundo, simbolicamente, os incas o dividiam em três, representados pelo Condor, pelo Puma e pela Serpente. O Condor dizia respeito ao mundo espiritual superior e ao futuro; o Puma representava o mundo dos vivos e o presente; a Serpente falava sobre o mundo dos mortos e sobre o passado.
Claro que não consegui ficar esperando dar 10h00 naquela recepção tristonha para 'oficializar' minha entrada no hostel . Antes mesmo de algum funcionário aparecer pra iniciar a labuta, por volta de 7h00, encostei a mochila num canto do cômodo (bendito desapego), roubei um mapa de cima da mesinha, montei rapidamente um roteiro pra ser percorrido a pé (quando estou sozinho, sem falsa modéstia, sou bom nisso, mas quando estou acompanhado, o medo de que o outro não goste do caminho escolhido me inibe e bloqueia - trabalharemos essa questão, agora que estamos comprometidos seriamente) e saí a experimentar no rosto o vento sacro, gelado e cortante de Cusco.
Uma das igrejas da cidade ficava a 50 metros do hostel onde teoricamente eu estaria hospedado a partir das dez da manhã. A missa já havia começado. Pedi licença e me sentei num dos bancos mais afastados. A igreja estava lotada. Olhei demoradamente o lugar e percebi que somente eu permanecia de gorro. Pensei em tirá-lo, mas desisti, pois meus cabelos deviam estar de fazer medo em qualquer criança.
Acompanhei a missa toda. Em Mendoza, na primeira etapa dessa fantasiosa Infinita América, eu já havia feito isso. Lá, lembro de ter me emocionado, mas em Cusco, embora tenha tentado me concentrar e chorar, não consegui. Na capital do Império Inca me pareceu muito difícil entender e aceitar que um só Deus ao mesmo tempo seja três.
Mito.
Saí da igreja e iniciei minha percorrida a pé. Alguns museus estavam fechados e nos que estavam abertos só era possível entrar comprando o Bilhete Turístico (ver maiores detalhes nesse blog, na seção 2 - Informações aos futuros viajantes). Então, saí a andar sem rumo, pra sentir as ruas, as vielas, as construções de pedra, as ruínas pré-colombianas misturadas à arquitetura colonial.
Voltei ao hostel mais ou menos meio dia. Minha mochila havia sido guardada num lugar mais seguro. Acertei com o atendente o passeio pelos arredores da cidade, pra conhecer as antigas construções incas, e o pacote pra Machu Picchu. E dormi.
A tarde, num micro-ônibus cheio de argentinos e europeus, fui fazer o tal passeio. E fiz amizade com Daniel, um peruano de Lima que acabou me acompanhando por mais alguns dias nessa viagem.
Passei muito frio esse dia. Estava fraco, não havia dormido bem. Foi um dia de pouca inspiração e agora, ao escrever essa postagem, também me sinto pouco inspirado. Mas seguem abaixo algumas fotos que mostram como tudo é belo e interessante em Cusco e arredores.
Viela.
Fonte de água viva. Jogue uma moeda no poço e seja feliz. Funciona!
Jardim do Museu Qorikancha - Repare o condor, o puma e a serpente 'desenhados' na grama.
Ruínas.