Vamos juntos e livres por Brasil, Bolívia, Peru, Chile e Argentina.

21 - San Pedro de Atacama - palavras rascunhadas

14/05/2011

DO MOLESKINE


     Acordo cedo, feliz, como o fazia nos fins de semana ensolarados do tempo de criança. Sinto uma alegria grande, quase cheia, completa, como a que sentia naquelas manhãs cada vez mais longínquas. O deserto com seu azul-marrom me trouxe isso. O céu espalhado arrebata, toma tudo pra si, suga mesmo os mais tristonhos pra dentro de sua felicidade perfeita, acabada e invencível. Não há como resistir.
     Os 'poréns' e 'por ques' que impedem os adultos de se jogarem sem medo pra alegria que se arreganha todas as manhãs são tragados pelo sol e pelo azul e perdem tanto o sentido que parecem nunca haver existido. Tchau perguntas sem resposta! Xô melancolia!
     Tomo um desayuno bom. No salão onde é servido o café da manhã estou eu, um grupo de brasileiros numa mesa logo ao lado e um trio de estrangeiros (acho que são italianos) numa mesa um pouco mais distante. Todos ali estão felizes, se nota. Até o Sebastián, funcionário da pousada, tem o semblante mais sorridente do que teria se estivesse servindo pães e cafés em alguma outra parte do mundo. Cada vez fico mais convencido: o deserto do Atacama é o lugar mais impressionante e especial por onde já passei. 
     Acabo de tomar café, mexo um pouco na internet e saio pra varanda, onde me sento feito pobre que mudou de vida. Abro o moleskine que ganhei, releio os rascunhos que já tomaram quase metade das páginas dele, e resolvo começar a escrever isso aqui. Tento caprichar. 
      Penso sobre a suposta ausência de vida no deserto. Sobre a escassez de vida visível, aparente. Seria essa falta de vida carnal que estaria facilitando tanto a comunicação minha comigo mesmo, com meu passado, com meu presente, com meu eu verdadeiro? E com os espíritos desencarnados? Seria mais fácil se comunicar com eles num deserto do que em outros sitios? E os anjos? O deserto seria o lugar ideal para se ver os anjos? Paulo Coelho pensou que sim. Eu penso que sim, também.

(Extraído, quase na íntegra, das anotações feitas no moleskine de viagem)


* * *

     Acordar cedo fez o dia render bem. Consegui dar uma boa explorada na cidade, passar e repassar pelas ruas, entrar novamente na igrejinha local e visitar o Museu Arqueológico Gustavo Le Paige ainda pela manhã. O lugar me impressionou. É um museu relativamente pequeno, mas muito bem organizado, montado de forma 'didática', o que facilita o entendimento da geografia e da cultura local para os leigos, como eu.


      Ainda consegui assistir num bar, perto de meio dia, o jogo final da Copa da Inglaterra entre Manchester City, de Carlitos Tevez, e Stoke City. O Manchester foi campeão, depois de não sei quanto tempo, graças ao argentino mais raçudo da história! Dale Carlitos!

      Aluguei uma bike à tarde, peguei um mapa dos arredores da cidade e saí a vasculhar palmo a palmo o entorno de San Pedro de Atacama. Andei, cansei, suei, descansei à sombra, fiquei sem camisa ao sol...e não me lembrei que a felicidade existe, pois eu já era parte dela, pelo menos naquele momento.

       Tomei umas cervejas com Sebastián, o figura que trabalhava na pousada, à noite. Ele me contou que há dois anos havia ido pra Nova Zelândia sem nem saber direito que idioma era falado lá. Aprendeu inglês na marra e agora estava juntando uns dollares pra dar outra escapada pra algum lugar interessante desse mundão. Depois que voltei da viagem até tentei falar com o persona, mas ele não responde. Pelo que consta na página de seu facebook, atualmente ele está em Washington, USA. Sebastián, aqui entre nós: há muitos lugares mais interessantes pra você conhecer, hermano!

* * *

Encontre todas as informações sobre San Pedro de Atacama em http://www.sanpedroatacama.com/.

Aguarde as fotos no próximo post.

      
"...cuándo te busco no hay sitio en donde no estés..."

Cactus, da inalcançável obra Fuerza Natural, do inolvidável Gustavo Cerati. Desculpe se insisto, mas é que esse álbum me acompanhou a viagem toda. 

4 comentários:

  1. Hola Fabio, te escribimos desde el museo de San Pedro para agradecer por sus comentarios sobre nuestra exhibición. Somos un museo pequeño y sencillo pero hemos trabajado con mucho cariño para atender a nuestros visitantes de la mejor manera posible. Tus fotos están preciosas. Realmente, la experiencia de las personas que vienen a visitar San Pedro es muy personal por tratarse de un lugar tan particular, con una belleza única. Te deseamos mucha suerte en tus próximas aventuras. Felicitaciones por tu blog, está muy bueno.
    Saludos atentos,
    Carla Cavalcanti

    ResponderExcluir
  2. Hola Fabio, te escribimos desde el museo de San Pedro para agradecer por sus comentarios sobre nuestra exhibición. Somos un museo pequeño y sencillo pero hemos trabajado con mucho cariño para atender a nuestros visitantes de la mejor manera posible. Ojalá podamos un día atender a las personas que acompañan a tu blog.
    Tus fotos están preciosas. Realmente, la experiencia de las personas que vienen a visitar San Pedro es muy personal por tratarse de un lugar tan particular, con una belleza única. Te deseamos mucha suerte en tus próximas aventuras. Felicitaciones por tu blog, está muy bueno.
    Saludos atentos,
    Carla Cavalcanti

    ResponderExcluir
  3. Sería lindo! Un día vuelvo a San Pedro, al museo y me presento: 'Hola, yo soy Fábio, de Brasil, y ya estuve acá. Yo he hecho un blog donde hablo sobre ustedes, sobre la sencillez, la belleza y la magia del museo y de San Pedro.' Me gustaria mucho ese hecho. Ojalá.

    Saludos y gracias desde Brasil.

    ResponderExcluir